Texto de Jonathan Pontes ( @seucriminalista )
Imagine que o cidadão brasileiro é como um trabalhador simples, que todos os dias sai cedo, enfrenta o sol e a chuva, carrega no lombo o peso da vida, lutando para garantir o sustento da sua família.
Mas, o que ele talvez não perceba, é que em suas costas vai sentado um encosto — um ser invisível, que se agarra firme e suga suas forças. Esse encosto tem nome: impostos.
A cada passo que o cidadão tenta dar em direção a uma vida melhor — comprar uma casa, abrir um negócio, investir na educação dos filhos — lá está o encosto, exigindo a sua parte.
E não é pouca coisa. Ele tira um pedaço do salário na hora que entra na conta, leva mais um tanto no preço do pão, do arroz, do feijão. Se o cidadão decide abastecer o carro, o encosto estende a mão de novo. Se compra um remédio, lá está ele, pegando sua fatia.
E o pior: quanto mais o cidadão tenta crescer, mais pesado o encosto fica.
Se ele pensa em melhorar de vida, abrir um pequeno comércio, criar empregos, o encosto se transforma em um fardo ainda maior, cobrando licenças, alvarás, taxas e uma infinidade de tributos. A cada esforço para subir um degrau na escada da vida, o encosto puxa para baixo.
Enquanto isso, o cidadão olha para os lados e não vê retorno. As ruas esburacadas, a saúde precária, a educação falha, a segurança inexistente.
Ele percebe que, apesar de sustentar esse encosto com quase tudo o que ganha, vive como se nada contribuísse. E o governo, em vez de aliviar o peso, parece mais preocupado em alimentar o encosto, engordá-lo com novas taxas, inventar novas maneiras de arrancar o pouco que resta.
Essa criatura, que deveria trabalhar para o cidadão — garantindo escolas decentes, hospitais funcionando, segurança nas ruas — age como um parasita que vive às custas de quem sua a camisa.
No fim, o brasileiro carrega dois fardos: o da própria luta pela sobrevivência e o do governo, que, em vez de ajudar a empurrar o carro da vida, senta em cima e manda o cidadão puxar.
É por isso que, enquanto não houver uma verdadeira reforma que enxugue o tamanho e a fome desse encosto, o Brasil continuará sendo um país onde o trabalhador sua, luta, batalha — mas anda em círculos, sem sair do lugar.

Comments